Estudante surda de mestrado da UFG defenderá dissertação

En 18/02/16 09:51 .

Renata Garcia, 1ª estudante surda de pós-graduação da UFG, apresentará pesquisa sobre qualidade de vida da pessoa surda 

 

Texto: Luiz Felipe

Uma estudante do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), será a primeira pessoa surda a defender uma dissertação de mestrado na instituição. Renata Rodrigues de Oliveira Garcia, de 40 anos, vai submeter sua pesquisa à banca avaliadora na próxima quinta-feira, 18 de fevereiro, às 8h, no anfiteatro da Faculdade de Medicina, no Setor Universitário.

Renata se comunica por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e sua apresentação terá o auxílio de uma intérprete. Foi assim que ela acompanhou as aulas do mestrado, as atividades vinculadas ao projeto de pós-graduação e as conversas com o professor orientador. Graduada em Letras-Libras, Renata é professora da Faculdade de Letras da UFG desde 2011 e, em sua tese de mestrado, estudou a qualidade de vida da pessoa surda no ambiente familiar.

Antes de ingressar na pós-graduação da UFG, a barreira da comunicação fez com que Renata fosse reprovada por três vezes na seleção do mestrado de outro estabelecimento de ensino. Decidiu tentar o programa da Faculdade de Medicina ao saber da existência da linha de pesquisa voltada à surdez e foi aprovada.

Foi um esforço enorme e uma vitória maior ainda, então quero compartilhar com as pessoas que têm alguma deficiência como eu”, considera. Com a pesquisa desenvolvida no mestrado, Renata espera contribuir para a criação de futuras ações que proporcionem à população surda melhores condições de vida.

Fundador do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, o professor Celmo Celeno Porto, que orientou a pesquisa de Renata, classifica a experiência como um desafio e um aprendizado. “A situação especial inovadora e ousada trazida pelo ingresso de Renata no mestrado representa um ponto de inflexão na Universidade, com o qual novas possibilidades de inclusão social deverão ser pensadas e postas em prática”, considera.